sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Repensar a Independência preciso é

Daí, o sol da liberdade, em raios fúlgidos, brilhou no céu da Pátria, intensamente.
Meditei por alguns segundos pela graça de estarmos respirando em mais um 7 de setembro, tomei o café da manhã, beijei minha mulher e fui para o trabalho.

No obelisco dedicado à Independência, flores esperavam pelas autoridades, as quais iniciariam a celebração de mais um aniversário do grito de Pedro I.

Hasteadas as bandeiras, ao som do hino pátrio, executado pela Euterpe, uma das bandas mais antigas do país, ouviu-se, em seguida, o Hino à Bandeira.

Quando todos esperavam pelo Hino de Pindamonhangaba, a banda arriou os instrumentos, fechou os álbuns de partituras e se mandou para a avenida, onde haveria o desfile cívico.

Durante o desfile, comecei a mergulhar meu pensamento pelas dobras do passado, rebuscando históricos momentos de meus tempos de estudante no Instituto de Educação João Gomes de Araújo.

Geralmente o pelotão da minha turma noturna era o último a desfilar e o fazíamos garbosamente, vestindo calças pretas, camisas sociais brancas, gravatas pretas e brilhantes sapatos pretos, muitos deles emprestados de quem tinha grana para comprar os vulcabrás da época.

Foi quando, tomado de saudosa emoção, recordei os magníficos DESFILES CÍVICOS DE SETE DE SETEMBRO.

Bandas marciais bem ensaiadas, fanfarras motivadas, estudantes uniformizados.

Sei lá por qual motivo, mas sei que um par de lágrimas encharcou-me os olhos, enquanto alguns poucos estudantes sofriam pelo sol da manhã festiva e se arrastavam para os poucos aplausos do minguado conteúdo instalado no palanque oficial.

Mesmo assim, o povo lá estava, firme e forte, regateando aplausos mas disparando câmeras digitais, celulares e alguns gritinhos do tipo "alá ela lá!", para mostrar alguma pessoa conhecida dentro do pelotinho (não era pelotão, como antigamente).

Bateu saudade, mesmo, de verdade.

Então elevei meu pensamento a nosso Pai Oxalá e implorei por bênçãos maravilhosamente efusivas e - até - em quantidades extras para nosso Brasil.

Já passou da hora essa tal corrupção, em todos os segmentos. É dinheiro escorrendo "pelo ladrão", como já dizia algum crítico.

A saúde está morrendo na UTI dos hospitais, que mais parecem sala de espera para o necrotério.

A marginalidade escancara sua cara de pau e ofende a Ordem pública às claras. Antes, era aquela coisa de "na surdina", no escurinho das madrugas...

O tráfico trafega a olhos plenos, crianças se viciam, mães se desesperam, pais "pedem a conta" da família e botam o pé na estrada, em busca de trabalho novo para o velho sonho de felicidade.

A violência bate nas mulheres, domesticamente, sob o olhar aprovador do Medo ou da assustadora Ameaça que cala a boca das ofendidas e agredidas.

Muitos meninos já deixaram de sonhar em ser craque de futebol e têm sua vida atravessada pelo maldito crack, lixo dos entorpecentes e porta imediata para a miséria humana.

Enquanto isso acontece, na praça do poder maior, que é a cidadania brasileira, dona do poder do voto, muitos safados engravatados se esbaldam de viajar, comer do bom e do melhor, usurpando os direitos de um povo livre, como Saúde, Educação, Trabalho, Moradia, Segurança, Acessibilidade, Qualidade de Vida Melhor, Ir e Vir sem sofrer atrasos ou embargos.

O toque da corneta do soldado desconhecido (pelo menos para mim era...) trouxe-me à realidade, avisando que a tropa militar começaria seu desfile.

Brava gente brasileira, demonstrando disciplina, organização e ordem, respeito e técnica, passou em continência aos seus comandantes, que estavam no palanque oficial, deixando na cabeça da gente um pouco do que era até certo ponto romântico na nossa juventude: a admiração do povo pelo Exército Brasileiro.

Terminado o desfile, cada um para o seu canto, enquanto o Brasil parecia voltar à normalidade, na sua normal idade de 190 anos de Independência, um tanto quanto dependente - ainda - da boa vontade, melhor ética e respeito pela coisa pública por parte de muitos que se julgam capazes de participar da vida política do país.

Sete de outubro, um mês depois do sete de setembro, é tempo de apertar botões e confirmar nossa intenção de vida com qualidade.

Pelas quebradas de todos os cantos da cidade, ouvem-se cantos gravados de marchinhas mandando o povo apertar isso mais isso para resultar naquilo...

Permita Oxalá que naquilo que pensam os candidatos seja, efetivamente, a real possibilidade de curar as mazelas da população extremamente sofrida ao extremo.

Do contrário, a jovem de quase duzentos anos de história, nossa Indenpendência, será, mais uma vez, apenas motivo de outro desfile cívico...




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